quarta-feira, 7 de março de 2012

Custos de Oportunidade, Preço x Valor, Avaliando Ações

Ações x Taxa Selic X Inflação


        Como mencionado em posts anteriores, sabemos que em países desenvolvidos a Taxa Selic, que representa o custo do dinheiro sem risco, tende a ficar em patamares baixos, próximos a zero. E que no Brasil esta taxa é historicamente alta, mas vem caindo, e em um horizonte não tão longo de tempo ela deverá cair mais ainda, portanto a necessidade de investimentos em ativos de maior risco será cada vez maior. Sabemos que inflação é o aumento dos preços de serviços e produtos, e quem vende esses produtos e serviços ? As empresas, que repassam o aumento dos custos (entre eles a inflação) para seus produtos, portanto sendo sócio destas empresas você terá essa correção de preços incorporadas aos lucros, sendo sócio você participa dos lucros, portanto além de participar dos lucros e crescimento dos mesmos , você ainda tem uma correção da inflação naturalmente incorporada aos preços dos produtos/serviços. Se a Taxa Selic continuasse em níveis altos, talvez nem se fizesse necessário correr maiores riscos comprando ações, já que sem riscos você conseguiria uma excelente remuneração na renda fixa (antigamente mais), é o que ainda acontece, e aos poucos está mudando. Para o investidor o importante é observar que o grande inimigo dos seus investimentos é você mesmo cometendo muitos erros, e a inflação, por isso a importância de se investir em ativos que a incorporem. E o grande concorrente do investimento em ações, a renda fixa. Até porque na vida, algumas atividades que envolvam riscos podem ser divertidas por si mesmas, mas no mundo financeiro elas até podem serem divertidas (adoro tudo relativo a investimento em ações), mas devem lhe trazer um retorno extra em $$$ que justifique este maior risco (no free lunch).

Preço x Valor 

        Quando compramos ações estamos comprando frações de uma empresa. Só que as empresas não são estáticas, elas são dinâmicas, ora aumentando lucros, ora diminuindo. Portanto quem compra ações está comprando o valor dela hoje + a expectativa de lucros futuros desta empresa.
        Fazendo aqui um exercício filosófico, umas das maiores ironias da bolsa é que existe a possibilidade de que você venha a ganhar mais dinheiro comprando um negócio que no momento é razoável, e que venha a se tornar bom ou excelente, do que comprando um excelente, e que ainda corre o risco de se tornar somente bom, porque uma boa parte do seu lucro, vem de quanto você pagou por um negócio, e como todos sabem o mercado até comete erros de precificação, mas em geral os ativos geralmente estão precificados de acordo com os seus riscos e qualidades, e como não poderia ser diferente um excelente negócio deverá custar caro (mais adiante abordarei formas de avaliar ações). Partindo desta premissa, podemos visualizar a importância de não pagar tão caro até mesmo por excelentes empresas. OBS : naturalmente existem critérios mínimos de qualidade e riscos a serem observados, em que você se sinta confortável em conviver com eles por exemplo, existem investidores que não investem em empresas com controle estatal, outros já observam que isto pode até ser uma vantagem em eventuais ocasiões, e que geralmente o desconto nestes papéis justifique o investimento.
        Não estou encorajando ninguém a sair comprando porcarias por ai :). O importante é pagar um preço razoável, o famoso custo-benefício, portanto neste post abordarei mais os critérios quantitativos para se avaliar as ações, critérios qualitativos como governança corporativa, ingerência política, liderança de mercado, free float, vantagens competitivas, principais acionistas etc, serão abordados em outros posts.

Avaliando Ações

        Existem diversas formas de avaliação do preço x valor de uma ação tais como :

        Fluxo de capital descontado - Técnica que se utiliza de uma série de fatores de projeção, o que aumenta bastante as chances de ocorrerem erros, funciona basicamente se estabelecendo uma projeção de lucros futuros, conforme uma determinada taxa de crescimento, e uma taxa de desconto para estimar o fluxo dos lucros em valores presentes. Na minha opinião, qualquer projeção de futuro tem grandes chances de estarem erradas, e outra que considero uma técnica um pouco complicada.

        Indicadores Fundamentalistas - Todo investidor sabe que trimestralmente as empresas de capital aberto são obrigadas a divulgarem os seus resultados, dados contábeis e etc. Os indicadores fundamentalistas seriam basicamente :

            Indicadores de balanço : são aqueles que utilizam informações contidas nos balanços trimestrais e nos demonstrativos de resultado de exercício, portanto só se alteram quando divulgados novos resultados. Exemplo : LC (liquidez corrente), LG (liquidez geral), LS (liquidez seca), LI (liquidez imediata), RPL (rentabilidade sobre patrimônio líquido), GE (grau de endividamento), MB (margem bruta), ML (margem líquida), LPA (lucro por ação), VPA (valor patrimônial por ação).

            Indicadores de Mercado : são aqueles que utilizam dados dos balanços e também do mercado (preço da ação), por isso mudam conforme a oscilação dos preços em bolsa.
Exemplo : P/L (preço da ação/lpa), TR (taxa de retorno do investimento, inverso do P/L), P/VP (preço da ação/VPA), PSR, EBIT, EBITDA, PAYOUT, DY entre outros.

            A análise de ações por indicadores fundamentalistas é a mais prática, pois nos fornece uma boa ideia de quanto estamos pagando pelos lucros de uma empresa, em relação ao valor do seu patrimônio, dividendos, entre outros aspectos. Desta forma você poderá avaliar se julga uma ação cara ou barata de acordo com os seus diversos indicadores quantitativos. E também acompanhar a evolução dos indicadores trimestralmente, anualmente, para ver se a empresa continua saudável, se está aumentando seu lucros, controlando seu endividamento, mantendo uma rentabilidade em relação ao seu patrimônio razoável e etc. Entre os principais indicadores que observo são o  P/L (cálculo também o TR, e comparo com a selic depois de impostos, como descrito no post sobre filtros de investimentos), o P/VP (juntamente com o RPL), ML, Endividamento (Div Brut/ Pat Liq), se o EBIT é maior que o lucro líquido para verificar se lucros não recorrentes não estão inflando o lucro. Depois de tantas siglas você deve estar se perguntando, e por acaso existem pesquisas/estudos que comprovem que se eu montar uma carteira de baixo P/L por exemplo, eu terei retornos maiores que a média ? Sim existem diversos que comprovam, assim como para ações de baixo P/VP, baixo P/VP com alto RPL, ações com alto DY entre outros. Mas todos esses estudos utilizam dados passados e nada garante que venham a ocorrer novamente, até porque por exemplo existem épocas que empresas de crescimento (geralmente alto P/L) performaram muito melhor que as de baixo P/L. A grande utilidade de saber interpretar estes indicadores é permitir que o investidor tenha uma boa nossão de quanto está pagando e pelo quê. E desenvolva uma estratégia própria, com filtros de atratividade para cada um dos indicadores, e os analise em conjunto, tanto para verificar a qualidade/custo do ativo no momento da compra, como também para manter o seu acompanhamento depois de estar na carteira, efetuando vendas sempre que ocorram mudanças significativas nos indicadores, que extrapolem os seus parâmetros pré-definidos. Abraços, saúde ...

Don Vito

3 comentários:

  1. Bom post, me ajudou bastante!

    Queria aproveitar pra pedir que visite meu blog e deixe lá a sua contribuição.

    http://cariocainvestidor.blogspot.com.br/

    Abração.

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